Historicamente, as instituições de atendimento as crianças de zero a seis anos encontravam-se vinculadas a setores governamentais. A pré-escola, geralmente, estava ligada aos sistemas educacionais, funcionando em escolas de Ensino Fundamental, em horário parcial e seus profissionais eram formados em cursos de magistérios de nível médio. Já a creche estava subordinada à secretaria de bem-estar social e funcionava em horário integral. A formação na área da assistência raramente exigia nível mínimo de escolaridade ou formação para adultos que trabalhavam diretamente com as crianças (Tavares, 1996).
Os profissionais que trabalhavam na educação das crianças pequenas geralmente eram mulheres sem formação específica, fruto do pensamento assistencialista em que a maternidade é principal função das mulheres (Kramer, 1987). Quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996) afirma que a escolaridade para o professor de crianças pequenas é preferencialmente em nível superior, mas admitindo-se ainda o curso de magistério em nível médio, fica colocada a necessidade de formação para os profissionais leigos que trabalhavam nas creches. Desde então, pouco se sabe sobre a situação das políticas públicas municipais para os profissionais não-docentes da Educação Infantil.
Na tentativa de desvendar essa situação, estudos ajudam a evidenciar que muitas prefeituras e entidades têm contestado a exigência e buscando estratégias não coerentes com as diretrizes legais. Campos, Fullgrafe e Wiggers (2006), por exemplo, destacam estratégias que vêm sendo utilizadas pelas prefeituras para enfrentar esse desafio: organização de cursos de formação para educadores leigos que estão em exercício; substituição de profissionais por professores formados em cursos de magistério; utilização de dois adultos em cada turma, composta por um docente e um auxiliar, e assim por diante. Na mesma linha, Kramer org. (2001), discute a presença de um profissional de apoio ao trabalho do professor na creche e pré-escola, por vezes chamado de auxiliar, que ora aparenta associada às tarefas voltadas ao cuidado ora a ser uma resposta para os problemas, como o número excessivo de crianças por turmas e a falta de condição de trabalho.
A criação dessa categoria profissional, portanto, é resultado de um modo específico de ver o mundo e a educação e está permeada de valores e pressupostos sociais (Bakhtin, 1992), além de acarretar contradições legais e de uma série de debates.
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